domingo, 27 de outubro de 2013

Lucas 13:6-9 O fim do Judaismo.




Após denunciar o orgulho individual de alguns judeus, que se consideravam melhores que os outros, Jesus revela o orgulho nacional do povo usando de uma parábola: “Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Foi procurar fruto nela, e não achou nenhum. Por isso disse ao que cuidava da vinha: ‘Já faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não acho. Corte-a! Por que deixá-la inutilizar a terra? ’ Respondeu o homem: ‘Senhor, deixe-a por mais um ano, e eu cavarei ao redor dela e a adubarei. Se der fruto no ano que vem, muito bem! Se não, corte-a’” (Lc 13:6-9).

Se você quiser entender o Novo Testamento deve ter sempre em mente o que João diz sobre Jesus em seu evangelho: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1:11-12). Repare que o primeiro advento ou vinda de Jesus tem duas etapas. Primeiro, ele veio para o que era seu, isto é, os judeus. Como os seus não o receberam, ele passou a tratar com judeus e gentios que o receberam pela fé, fazendo deles filhos de Deus.

Portanto, ao ler os evangelhos, pergunte sempre: “O que isto tem a ver com os judeus?”. Somente depois é que você deve tentar identificar se existe algo que possa ser aplicado de forma direta ou indireta a você. Vemos que este capítulo está claramente relacionado aos judeus. Se perguntarmos ao profeta Isaías que vinha ou fazenda é esta, e o que significa a planta figueira, teremos a resposta: “A vinha do Senhor dos Exércitos é a nação de Israel, e os homens de Judá são a planta que ele amava” (Is 5:7).

Durante tempo suficiente -- os três anos mencionados na parábola -- Deus procurou fruto em sua vinha, Israel, e não encontrou. Depois que a nação foi dividida tudo o que sobrou foi um pequeno remanescente -- Judá e Benjamim -- que voltou a Jerusalém para reconstruir a cidade e o Templo. Estes são os judeus e, como a figueira da parábola, representam a planta que devia ter dado fruto, porém não deu. Deus mandou que a figueira fosse cortada, isto é, que fosse dado um fim naquele testemunho. Porém um intercessor suplica: “Deixe-a por mais um ano, e eu cavarei ao redor dela e a adubarei. Se der fruto no ano que vem, muito bem! Se não, corte-a” (Lc 13:8-9). 

O que intercede é o próprio Senhor Jesus e este “mais um ano” representa o tempo de seu ministério entre os judeus. Apesar dar à figueira todas as condições para que desse fruto, isto não aconteceu e ela acabaria sendo cortada totalmente no ano 70 D.C. quando o Templo de Jerusalém foi destruído e o judaísmo se transformou em mera recordação. Os judeus que hoje existem não podem praticar sua religião sem o Templo e sem sacrifícios, por isso mantêm apenas uma casca ou aparência daquilo que era no passado. 

Lucas 3:10-17




No episódio anterior Jesus usou de uma parábola para decretar o fim do judaísmo. Visto profeticamente, este episódio revela que no futuro ele irá curar um remanescente de Israel de sua condição arruinada. “Certo sábado Jesus estava ensinando numa das sinagogas, e ali estava uma mulher que tinha um espírito que a mantinha doente havia dezoito anos. Ela andava encurvada e de forma alguma podia endireitar-se. Ao vê-la, Jesus chamou-a à frente e lhe disse: ‘Mulher, você está livre da sua doença’. Então lhe impôs as mãos; e imediatamente ela se endireitou, e louvava a Deus” (Lc 13:10-13).

O contexto do capítulo fala dos judeus rejeitando seu Messias, portanto não fica difícil identificar o que representa esta mulher. Em Romanos 10:11 Paulo cita uma profecia a respeito de Israel: “Suas costas fiquem encurvadas para sempre”. O Senhor chama a mulher de “filha de Abraão” (Lc 13:16). Em Gálatas 3:7 diz que “os que são da fé, estes é que são filhos de Abraão”. Apesar de sua fé genuína ela sofria as consequências do pecado e do estado geral de incredulidade de sua nação, do mesmo modo como todo verdadeiro crente no Senhor Jesus hoje sofre por causa da apostasia que vai tomando conta da cristandade.

O Senhor diz que “Satanás a mantinha presa”, revelando sob o jugo de quem os judeus haviam se colocado. A indignação do dirigente da sinagoga pela cura ter sido no sábado não tinha fundamento, pois Levítico 23:7 proibia os israelitas apenas de executarem “trabalho servil” no sábado, isto é, aquele feito com finalidade de salário ou lucro. Mas o líder da sinagoga insiste: “Há seis dias em que se deve trabalhar. Venham para ser curados nesses dias, e não no sábado” (Lc 13:14). Ele diz isso como se pudesse curar nos outros dias da semana. Se pudesse, ela não estaria ali esperando há dezoito anos.

Jesus repreende os judeus: “Hipócritas! Cada um de vocês não desamarra no sábado o seu boi ou jumento do estábulo e o leva dali para dar-lhe água? Então, esta mulher, uma filha de Abraão a quem Satanás mantinha presa por dezoito longos anos, não deveria no dia de sábado ser libertada daquilo que a prendia?” (Lc 13:15-16). Eles tinham misericórdia de seus animais que davam lucro, mas não tinham escrúpulos em preferir que a mulher continuasse vivendo naquela condição. A ironia de tudo isso é que, enquanto os religiosos judeus reclamavam do Senhor, a mulher “louvava a Deus” (Lc 13:13).

A libertação dela é completa, assim como será completa a libertação de Israel no futuro. Seu corpo ficou ereto e ela deixou de olhar só para a terra e foi capaz de olhar para o céu. Ela estava livre do peso da Lei e dos grilhões de Satanás e o resultado foi glória e louvor. Assim teria acontecido com os judeus se tivessem recebido seu Messias. Mas a incredulidade os mantinha encurvados e incapazes de ver e entender as coisas do céu, e é também a incredulidade que mantêm ainda hoje muitos encurvados sob o jugo da religião, da Lei e de Satanás.

Lucas 13:1-5.



O capítulo 12 do Evangelho de Lucas terminou com o fracasso dos judeus em discernir o tempo da chegada do Messias. Agora o capítulo 13 revela o orgulho individual e nacional do povo. Se você for um dos que acham que quando algo vai mal a alguém isso é porque a pessoa fez algo de errado, o que Jesus diz serve para você. E para mim também, pois não existe um ser humano que não goste de apontar o dedo para as falhas dos outros para desviar a atenção de si mesmo.

Os judeus vão a Jesus contar dos galileus aos quais Pilatos teria mandado matar enquanto ofereciam sacrifícios a Deus. A intenção deles é maliciosa, e Jesus percebe isso. Os habitantes da Judeia não toleravam os da Galileia e os consideravam inferiores. O comentário de Natanael no Evangelho de João sobre Nazaré, cidade da Galileia, revela a opinião comum na Judeia. Quando Filipe avisou Natanael que tinha encontrado Jesus de Nazaré, cidade da Galileia, sua reação foi: “Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá?” (Jo 1:46).

Jesus não se limita a comentar o caso dos galileus, mas acrescenta outro também trágico: o desmoronamento de uma torre em Siloé que causou a morte de dezoito pessoas. Aquele que sonda os corações certamente sabe o que se passa no interior daqueles judeus orgulhosos de seu território, e por isso mostra que os habitantes da Galileia eram tão pecadores quanto os da Judeia:

“Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão. Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão" (Lc 13:1-5).

Ao invés de pensarem na crueldade de Pilatos provavelmente eles estavam levantando suspeitas sobre a conduta das vítimas. No judaísmo, que era um sistema religioso de causa e efeito, bênção e prosperidade eram prometidas como recompensa para a obediência, enquanto para os desobedientes sobravam as adversidades, doenças e morte. Mas Jesus ensina algo que vai muito além do pensamento judeu: aos olhos de Deus, todos -- absolutamente todos -- são igualmente culpados e merecem morrer, a menos que se arrependam.

A carta aos Romanos diz que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus... assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 3:23; 5:12). Você já se enxergou nesse “todos” ou será que é como os da Judeia que se achavam menos culpados que os da Galileia?

Lucas 12:54-56, Voce precisa de colirio?


Um pouco antes Jesus alertava os discípulos da rejeição que sofreriam por segui-lo. Agora ele fala às multidões, uma mescla de judeus crentes e incrédulos: “Quando vocês veem uma nuvem se levantando no ocidente, logo dizem: ‘Vai chover’, e assim acontece. E quando sopra o vento sul, vocês dizem: ‘Vai fazer calor’, e assim ocorre. Hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como não sabem interpretar o tempo presente?” (Lc 12:54-56).

Eles eram capazes de julgar os sinais do clima físico, mas não o clima espiritual; viam as nuvens e a chuva, mas estavam cegos para interpretar o “tempo presente”. O juízo estava prestes a vir sobre a nação que levava o testemunho de Deus na terra. Logo depois Jesus diria do Templo: “Não deixarão pedra sobre pedra, porque você não reconheceu o tempo em que Deus a visitaria” (Lc 19:44). Esse tempo era o momento da visita do “Emanuel”, nome usado para anunciar o nascimento de Jesus e que significava “Deus conosco”.

Durante séculos o povo esperou pelo Messias e agora o rejeitavam por ele não se encaixar em seus planos. Orgulhosos de sua religião, os judeus estavam cegos para sua própria degradação e ruína. Em outra ocasião eles diriam: “Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém” (Jo 8:33). Eles sequer percebiam que estavam sob o jugo do invasor romano e trabalhavam para o sustento do inimigo. A história se repetiria quando o sistema religioso cristão, batizado profeticamente de “Babilônia”, passasse a se vender como uma prostituta. “Os reis da terra se prostituíram com ela; à custa do seu luxo excessivo os negociantes da terra se enriqueceram” (Ap 18:3).

Assim como aconteceu com Israel, a Igreja falhou miseravelmente como um testemunho de Deus na terra. Dos ricos palácios do Vaticano aos pregadores de prosperidade da TV, passando pelas articulações políticas do protestantismo fundamentalista, tudo na cristandade cheira ao mundano. Ela vive exatamente da mesma maneira que os judeus dos tempos de Jesus: no mundo e para o mundo. Algumas frases das cartas às sete igrejas de Apocalipse resumem a mensagem que Jesus tem para a Igreja hoje: “Sei onde você habita, onde está o trono de Satanás... você tem fama de estar viva, mas está morta... porque você é morna, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-la da minha boca... [você] é miserável, digna de compaixão, pobre, cega e nua.” (Ap 2:13, 3:1, 16-17).

E você? Qual é a sua percepção do testemunho cristão no mundo? Acredita mesmo que está tudo bem e cada vez melhor? Então a receita é a mesma de Apocalipse 3:18: “Compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar”. O lugar que Jesus ocupa hoje, em relação à cristandade, é do lado de fora. Por isso, na continuação, ele diz aos que individualmente querem manter comunhão com ele fora do arraial religioso: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3:20).

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Como surgiu o diabo?


A Bíblia não dá muitas explicações sobre a origem de Satanás, mas obviamente ele foi originalmente um anjo criado por Deus. A porção mais detalhada de sua história pode ser encontrada em Ezequiel 28, onde o profeta fala do Rei de Tiro.
Do versículo 1 ao 10 tudo o que é dito pode ser aplicado a um ser humano, representado ali pelo Rei de Tiro, cujo caráter ímpio e o orgulho de querer ser um deus podem ser atribuídos também ao diabo. A partir do versículo 11 fica claro que o assunto é um ser sobre-humano, o próprio Satanás, que pode estar ali apresentado como aquele que estaria por detrás e energizando o Rei de Tiro humano em suas pretensões. 

No versículo 12 vemos que o diabo foi criado em perfeição, cheio de sabedoria e formosura. No vers. 13 ele desfrutou do privilégio de estar no Jardim do Éden. Diz também que ele foi adornado com pedras preciosas. No vers. 14 é chamado de "querubim ungido" um título de proeminência, com livre acesso à presença de Deus. Porém, apesar de ter sido criado sem pecado, ele pecou por orgulhar-se do que era (vers. 15). Como consequência do seu pecado, Satanás perdeu sua posição elevada e foi lançado fora da habitação de Deus e julgado, sendo finalmente lançado em terra (como costuma acontecer na profecia, aqui o futuro pode estar mesclado com o passado em relação ao ponto que nós hoje ocupamos na história).

Portanto Satanás foi criado por Deus (inclua-se aí o Pai, o Filho e o Espírito Santo) e recebeu também de Deus sua posição, autoridade e poder (Cl 1:15-16). Juntamente com os demais anjos, ele foi criado antes de Deus criar a terra ("Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?", veja que em Jó 38 os anjos, chamados ali de "filhos de Deus", assistiram a criação da terra).

A queda de Satanás se deu em algum momento depois da criação do versículo 1 de Gênesis 1, e antes da criação (ou restauração) descrita a partir do versículo 3 de Gênesis, já que no versículo 2 encontramos a terra "sem forma e vazia" ou, numa tradução literal, um verdadeiro caos em um universo privado de luz que incluía ainda um abismo (sem forma, vazia, trevas e abismo são elementos estranhos à perfeição de Deus e sempre estão associados ao pecado e à ruína). Sabemos que Deus não criou a terra assim, pois isto nos é dito em Isaías:

Gên 1:1-2  No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.  

Isa 45:18 Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o SENHOR e não há outro.

Linguagem semelhante de uma terra devastada em razão de uma queda ou pecado pode ser encontrada quando Deus fala da ruína de Judá:

Jer 4:22 (ou 23 em algumas versões) Observei a terra, e eis que era sem forma e vazia; também os céus, e não tinham a sua luz.

Portanto, numa cronologia de conjecturas pessoais, eu diria que 1) Deus criou os anjos, o Universo, a terra, e seres que a habitassem (não sabemos como eram); 2) Satanás se rebelou levando consigo outros anjos e seres, talvez os habitantes da terra de então, que hoje são chamados de demônios ou espíritos imundos (as florestas e animais que deram origem aos fósseis podem ser dessa época); 3) caiu juízo de Deus sobre os anjos, espíritos imundos e a terra, e o Universo mergulhou em um estado de caos e escuridão por incontáveis eras; 4) Deus chamou a luz de volta à cena e passou a restaurar a terra nos seis dias descritos em Gênesis para ser a habitação do homem.

Os anjos foram todos criados apenas uma vez, portanto os de hoje são os mesmos que sempre existiram, já que não têm condições de procriarem entre eles. Porém alguns podem ter assumido a forma humana, o que lhes permitiu procriar com mulheres humanas, conforme nos é mostrado em Gênesis 6, numa união descrita como "filhos de Deus" com "filhas dos homens", dando origem a seres humanos dotados de poderes especiais. Podem vir daí as lendas de "deuses" dos antigos gregos, romanos, egípcios, indianos etc (Gn 6:4). Deus condenou os anjos que agiram assim e estão presos no abismo (2 Pd 2:4, Jd 1:6), enquanto seus descendentes acabaram destruídos pelo dilúvio (Gn 6:7).

O termo "filho de Deus" é usado na Bíblia para as criaturas produzidas a partir de uma ação direta de Deus, como os anjos (Jó 1:6, 38:7) e Adão (Lc 3:38 - originário de Deus). Jesus é Deus, o Filho Eterno de Deus, portanto sempre existiu nessa condição sem nunca ter sido criado (ele é criador), mas em sua humanidade e num corpo de carne ele é chamado de Filho de Deus, por ter sigo gerado do Espírito Santo de Deus no ventre de Maria (Lc 1:35). Os que nascem de novo pela fé em Jesus também são chamados de filhos de Deus (Jo 1:12), aos quais Jesus, depois de ressuscitado e referindo-se à nova vida em ressurreição que eles têm, os chama de "irmãos" (Jo 20:17, Hb 2:11). Fora isso, ninguém mais pode ser chamado de "filho de Deus" (a popular frase "eu também sou filho de Deus" só poderia ser dita por anjos, por Adão, por Jesus e pelos que verdadeiramente creem em Cristo, mais ninguém).

Não sabemos o número de anjos que estão por aí, mas podemos dividi-los entre os que nunca se rebelaram, os que se rebelaram, porém ainda estão livres dividindo seu tempo entre as regiões celestiais e a terra (Satanás é visto com acesso a Deus em Jó 1:6), e os que estão presos no abismo. Há também os demônios ou espíritos malignos, que parecem ser uma diferente espécie de seres espirituais, que temem serem lançados no abismo onde estão os anjos que deixaram sua forma original (Lc 8:31).

Como evangelizar meus filhos?


 Se voce esta preocupada com sua filha que é jovem e se recusa a ouvir você falar do evangelho. Ela está simplesmente seguindo a onda atual, que é querer mostrar independência e autossuficiência (inclusive nas coisas eternas). O jovem não tem senso de finitude como tem um idoso, pois acredita que a morte é a exceção, não a regra da vida. Na cabeça da maioria das pessoas, quem morre é sempre o outro. Por isso o jovem não se preocupa muito com as coisas eternas, pois a imagem que tem é que isso é coisa de velhos. Obviamente é, porque o idoso sabe que seu relógio está agora em contagem regressiva.



De qualquer modo não se desespere e nem considere sua filha um caso perdido. Lembre-se de que não faz muito tempo você mesma estava tão perdida e alheia às coisas de Deus quanto ela, talvez não de modo a verbalizar sua incredulidade, mas mesmo assim tão perdida quanto. Muitas esposas, esposos, pais e filhos crentes não terão a oportunidade de testemunhar a conversão de seus queridos enquanto estiverem vivos, mas acabarão encontrando-os no céu. Agarre-se à promessa feita por Paulo ao carcereiro de Filipos:

"E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa" At 16:30-31

Procure conversar com ela e falar do evangelho de forma clara e simples. O evangelho é basicamente o que você encontra nos primeiros versículos de 1 Coríntios 15, que Cristo morreu e Cristo ressuscitou. Muito cuidado para não despejar em sua filha um caminhão de versículos que possam até ser bonitos e motivadores, mas que não dão qualquer pista do caminho da salvação.

Por exemplo, um versículo campeão até entre incrédulos é "O Senhor e o meu pastor, nada me faltará" (Sl 23:1). Bíblias abertas na sala de casas ou escritórios costumam estar na página deste Salmo, pois muitos enxergam isso como um "pé de coelho", tipo um amuleto para dar sorte. O que a maioria das pessoas vê no versículo é apenas a parte que diz "nada me faltará", pois é o que agrada ao ser humano.

Mas poucos pensam nas implicações de se afirmar "o Senhor é o meu Pastor", pois não sabem que para Cristo realmente ser o Pastor de alguém é preciso que essa pessoa seja ovelha dele, tenha se reconhecido pecadora e se prostrado por fé aos pés do Salvador, arrependida de seus pecados e confiando que o seu sangue derramado na cruz foi suficiente para limpá-la, e sua ressurreição a provisão de Deus para justificá-la.

Afirmar meramente "o Senhor é o meu Pastor", sem realmente crer nele, é colocar-se de modo informal e exterior sob o senhorio de Cristo, ou seja, adotar para si todas as responsabilidades que recaem sobre aqueles que não ignoram os desígnios de Deus. Sabe aquelas frases de filmes policiais, "tudo o que você disser poderá ser usado contra você"?. Pois é, tal pessoa, mesmo que não se converta de verdade, ao afirmar "o Senhor é o meu Pastor" estará se colocando sob a responsabilidade da passagem que diz:

"E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado.E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá" (Lc 12:47-48).

Outra página campeã das Bíblias abertas na sala é o Salmo 91: "Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará". O Salmo segue com diversas promessas para aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, como proteção dos inimigos, das doenças, do medo e terror, da morte, do mal, da praga, além da sensação de poder que transmite frases como "mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegarão a ti", ou "pisarás o leão e a cobra, calcarás aos pés o filho do leão e a serpente".

Ou seja, se a pessoa não entender com clareza que "Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo" é o próprio Senhor Jesus, o Único que tem direito a essa posição, e que é somente estando nele que alguém pode ter tais promessas, acabará lendo esse Salmo como se fosse um mantra ou uma fórmula mágica não muito diferente das usadas em feitiçarias.

É preciso lembrar que, em se tratando de promessas bíblicas, "todas quantas promessas há de Deus, são NELE (em Jesus) sim, e por ELE (por Jesus) o Amém, para glória de Deus" (2 Co 1:20). A menos que a pessoa esteja pela fé em Cristo, salva e perdoada por ele, não poderá contar com quaisquer promessas bíblicas, por mais bonitas e motivadoras que possam parecer.

Conheco filhos de pastores  que nao querem  nem ouvir falar de Jesus, mas não se deixe levar por aquilo que uma pessoa incrédula diz, porque obviamente nenhum de nós queria ouvir falar de Cristo antes de nossa conversão. Se parecíamos querer, isso nada mais era do que educação, curiosidade ou alguma influência religiosa que via a Jesus como mais um dentre os muitos "gurus", "santos" e "iluminados" da história, como era o meu caso antes de minha conversão.

Alguém sugeriu (dizem ter sido São Francisco de Assis): "Pregue o evangelho e, se precisar, use palavras". Com isto ele quis dizer que em alguns casos, e principalmente quando as palavras parecem não fazer mais efeito, o testemunho de uma vida cristã pode falar mais alto do que muito falatório. Isto é o que ensina Pedro em sua carta ao falar das mulheres crentes casadas com homens incrédulos, que obviamente não gostam muito de ouvir da Palavra de Deus:

"Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra; Considerando a vossa vida casta, em temor. (1 Pe 3:1-2)

Mas eu entendo que neste caso essa mulher provavelmente já tenha falado de Cristo para seu cônjuge, porém para evitar atritos acabe "pregando" depois com seu modo de proceder.

Lembre-se sempre de que o evangelho (as boas novas de que Cristo morreu para pagar nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação) "é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rm 1:16) e "a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar" (Rm 4:12-13).

Portanto, é importante que em algum momento a pessoa tenha escutado a Palavra, pois o poder não está em quem prega a Palavra, mas na própria Palavra. É um poder sobrenatural e colocado em ação numa alma por meio do Espírito Santo, como a espada que tudo penetra e deixa evidente cada detalhe das vísceras do pecador. Ao entrar em contato com a Palavra a consciência do pecador não fica imune a esse contato. Apesar de Deus ter entregue a seres humanos a tarefa de divulgar as boas novas, todo o processo de conversão vem de Deus, não do homem, para que toda a glória também seja dada a Ele.

Existem algumas dicas práticas para se levar alguém da família a ter contato com a Palavra de Deus. Uma é sutilmente introduzir alguns versículos evangelísticos na decoração de sua casa, colocar um calendário de versículos evangelísticos na parede da cozinha, "esquecer" algum folheto ou livro em algum lugar da casa (o banheiro é ótimo para isso) e sempre regar todas essas estratégias com muita oração.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Seja curioso e leia a Biblia.


Lucas 12: 40-44

A lição deste capítulo 12 de Lucas continua mostrando que não estamos aqui apenas esperando pela vinda do Senhor, mas vigiando e trabalhando. Um vigia não pode cochilar, caso contrário é pego de surpresa. Além da admoestação para vigiarmos (Lc 12:37) existem outras características daquele que realmente vive na expectativa de encontrar-se com Jesus a qualquer momento. Ele diz:

“Estejam também vocês preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que não o esperam... Quem é, pois, o administrador fiel e sensato, a quem seu senhor encarrega dos seus servos, para lhes dar sua porção de alimento no tempo devido? Feliz o servo a quem o seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar. Garanto-lhes que ele o encarregará de todos os seus bens” (Lc 12:40-44). Portanto, devemos estar preparados, isto é, sempre prontos, pois não sabemos quando o Senhor virá nos buscar. Se você depende da carona de seu amigo que vai passar em sua casa para pegá-lo, o que você faz? Deixa para se aprontar quando seu amigo estiver buzinando no portão ou fica de prontidão?

Deus avisou os israelitas no Egito que deviam se aprontar para sair dali imediatamente após comerem o cordeiro assado no fogo -- uma figura de Cristo sacrificado em lugar do pecador. Deus disse a eles: “Ao comerem, estejam prontos para sair: cinto no lugar, sandálias nos pés e cajado na mão. Comam apressadamente” (Êx 12:11). Não sei se existe outro lugar na Bíblia que mostre tamanho senso de urgência. Afinal, você consegue imaginar pessoas comendo com uma mão e segurando um cajado na outra?

Outra exortação para aquele que espera é que seja como um “administrador fiel e sensato”, encarregado de alimentar e cuidar daqueles que o seu Senhor colocou sob sua responsabilidade. Mas como alimentar outros com a Palavra de Deus se nós mesmos não nos alimentarmos dela todos os dias? E se não soubermos administrar o que temos nesta vida, como iremos administrar as coisas do Senhor no futuro? “Com ele reinaremos”, diz 2 Timóteo 2:12, portanto “feliz o servo a quem o seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar. Garanto-lhes que ele o encarregará de todos os seus bens” (Lc 12:43-44). 

Portanto, quando o Senhor vier, não irá querer nos encontrar ociosos, e sim ocupados com os interesses dele. Alguns cristãos sentem arrepios quando ouvem falar de boas obras, e vão logo disparando versículos que afirmam que não somos salvos por obras, o que é verdade. Mas somos salvos para um propósito, e este é claramente indicado após o versículo de Efésios 2 que diz que somos “salvos pela graça, por meio da fé... não por obras, para que ninguém se glorie. Somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Ef 2:8-10). 

Comer, beber e alegrar-se. Lucas 12:45-46.


Por três vezes neste capítulo Jesus falar de comer, beber e alegrar-se. A primeira, no versículo 19, expressa o desejo do fazendeiro rico, que quer aumentar seus celeiros para garantir uma vida sossegada. Ele diz a si mesmo “coma, beba e alegre-se” (Lc 12:19), sem saber que irá morrer. Ele quer assegurar uma aposentadoria feliz, o que é perfeitamente lícito. O problema está em excluir Deus de seus planos e confiar em sua própria capacidade. Ele pode até ser um bom cidadão, que cuida de sua família, gera empregos e faz caridade, mas Jesus o chama de “louco” ou “insensato”. Por quê?

Porque loucos são os que “tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível... Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador” (Rm 1:21-25).

Embora Romanos 1:21-25 esteja falando dos pagãos, a descrição serve para todos os que idolatram a capacidade humana e vivem em função das coisas criadas. Nesta classe estão os céticos, ateus, humanistas, racionalistas, hedonistas ou quem quer que viva uma vida de indiferença para com Deus, ainda que seja politicamente correto e se preocupe com o ser humano, a comunidade e a salvação do planeta. Alguns acrescentam ao seu humanismo uma pitada de espiritualidade e vivem a vida apenas para comer, rezar e amar.

No versículo 37 de Lucas 12 é a vez dos verdadeiros servos desfrutarem por graça aquilo que o rico buscou obter pelo esforço. Destes, Jesus diz: “Felizes os servos cujo senhor os encontrar vigiando, quando voltar. Eu lhes afirmo que ele se vestirá para servir, fará que se reclinem à mesa, e virá servi-los” (Lc 12:37). Existe um tempo de descanso, satisfação e alegria para quem crê em Jesus e espera por ele. Mesmo que passe por dificuldades e necessidades nesta vida, ele comerá, beberá e se alegrará quando for servido pelo próprio Senhor.

A próxima passagem sobre comer, beber e alegrar-se é a do falso servo no versículo 45. Ali diz: “‘Meu senhor se demora a voltar’, e então começa a bater nos servos e nas servas, a comer, a beber e a embriagar-se.” (Lc 12:45). Este é o religioso que nunca se converteu, mas chama Jesus de Senhor. Ele não liga para a vinda de Cristo e é pior que o ímpio, que quer apenas comer, beber e se divertir. Ele quer embriagar-se, e é o que acontece com quem detém o poder religioso. Como um ébrio insensível, ele não tem escrúpulos em massacrar as ovelhas que apascenta. Mas sua sentença é clara: “O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera e numa hora que não sabe, e o punirá severamente e lhe dará um lugar com os infiéis” (Lc 12:47). Ou seja, o seu destino é o lago de fogo.