domingo, 13 de março de 2016

Lucas 24:44-48



Aproxima-se o momento em que Jesus se despedirá de seus discípulos para subir aos céus. Ele lhes diz: “‘Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’. Então lhes abriu o entendimento, para que pudessem compreender as Escrituras.” (Lc 24:44-45). A Lei, os profetas e os Salmos representavam todo o Antigo Testamento, porém nem os discípulos, que andaram por três anos com Jesus, seriam capazes de compreender as Escrituras se o Senhor não lhes abrisse o entendimento.

O apóstolo Paulo deixa isso claro, ao dizer que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” (1 Co 2:14). Isto significa que o mais sábio incrédulo nunca será capaz de entender uma vírgula sequer da Bíblia, enquanto o mais iletrado crente absorve naturalmente os mistérios de Deus quando guiado pelo Espírito Santo. Entendeu agora a razão de não existir nada para você aprender em livros, filmes e novelas com temas bíblicos produzidos por incrédulos?

Os discípulos aqui são vistos ainda no caráter de um remanescente judeu e no contexto do reino a ser estabelecido na terra. Ainda não são membros do corpo de Cristo, a Igreja, que só seria formada no capítulo 2 do livro de Atos. Mas as palavras de Jesus inauguram o evangelho da graça de Deus, que se resume nesta frase: “O Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia, e que em seu nome seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vocês são testemunhas destas coisas.” (Lc 24:46-48).

João escreveu que “a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo.” (Jo 1:17), e Paulo pregou aos Coríntios a boa nova de “que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:1-4). Este evangelho de Lucas, que começou com uma cena tipicamente judaica e terrena, com o sacerdote Zacarias ocupado com a Lei e os serviços do Templo, termina abrindo os céus e inaugurando o evangelho da graça de Deus. A partir daí os discípulos não mais sairão pregando preceitos da Lei, mas a salvação pela fé em Cristo, que morreu e ressuscitou. E você, será que está entre aqueles que ainda pregam a Lei e uma salvação baseada em obras?

Marcos 1:1-8



Jesus “veio para o que era seu” (Jo 1:11), isto é, o povo de Israel. Estes que “desde a criação do mundo” (Mt 25:34) haviam sido destinados a herdar um Reino que jamais teria fim, eram agora agraciados com a visita do próprio Rei, ainda que no caráter de Servo. Séculos de história haviam se passado até este momento para provar a incapacidade do homem de atender às santas demandas de Deus e demonstrar a paciência daquele que ainda estava disposto a dar mais uma chance a Israel. “A Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo.” (Jo 1:17).

Mas neste ponto só restam na terra prometida duas tribos, das doze originais: Judá e Benjamim, ou “judeus”, como a Bíblia as chama aqui. Séculos antes as dez outras tribos haviam sido dispersas entre os próprios povos pagãos dos quais tinha adotado a idolatria. Mesmo assim Deus pretendia restaurá-las um dia para que fossem um povo só, começando pelos judeus. Todavia a soberba era a marca registrada dos judeus, que acabariam por rejeitar este de quem João Batista dizia: “Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de encurvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias”(Mc 1:7).

“Assim surgiu João [Batista], batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados” (Mc 1:4). Batismo não era algo estranho ao povo terreno de Deus. Eles se lembravam de Moisés, e de como este havia sido lançado nas águas da morte por sua mãe para ser salvo das garras de Faraó. Também não podiam se esquecer de que seus “antepassados estiveram sob a nuvem e todos passaram pelo mar. Em Moisés, todos eles foram batizados na nuvem e no mar”. (1 Co 10:1). Mesmo não sendo um batismo cristão o que João Batista ministrava, era também uma figura de morte, sem o que seria impossível Deus reiniciar o relacionamento com seu povo.

Deus vinha agora ao encontro do que restou de seu povo original, ao qual havia sido prometida uma gama de bênçãos terrestres jamais dadas a qualquer outro povo. Mas esse encontro não foi marcado num palácio real, em meio ao luxo e à riqueza, mas no deserto, uma clara figura do estado em que eles se encontravam aos olhos de Deus, depois de séculos de rebelião e desprezo contra Jeová. Por isso aquele era necessariamente um batismo de arrependimento para que eles, “confessando os seus pecados, fossem batizados por [João] no rio Jordão” (Mc 1:5).

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Os apóstolos ensinavam a Igreja a guardar a lei?

 E errado citar Atos 15:21 fora do contexto. "Porque Moisés tem, em cada cidade, desde tempos antigos, os que o pregam nas sinagogas, onde é lido todos os sábados." Os apóstolos não estavam incentivando a guarda da Lei, mesmo porque se incentivassem estariam indo contra o ensino de Romanos, Gálatas, Hebreus e outros.

"Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado... pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão... Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro" (Gl 2:16, 21; 3:10-13)

Voltando para a passagem , em Atos 15 havia surgido uma celeuma entre judeus e gentios convertidos acerca de preceitos da lei como circuncisão, alimentos, ordenanças etc. Todo o argumento de Pedro é no sentido de demonstrar que a Lei já não tinha mais lugar na atual dispensação da graça de Deus, porque, como Paulo explicaria mais tarde em Romanos, ninguém era capaz de guardar a Lei: "Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?" (At 15:10).

Pedro conclui seu discurso dizendo: "Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue. Porque Moisés tem, em cada cidade, desde tempos antigos, os que o pregam nas sinagogas, onde é lido todos os sábados." (At 15:19-21)

Repare que a questão era de evitar ao máximo que os judeus ficassem escandalizados pela liberdade dos gentios, e o argumento para que alguns pontos da Lei fossem ali adotados entre os gentios tinha apenas o sentido de evitar escândalos e contendas. Isso Pedro faz mencionando que "Moisés tem, em cada cidade, desde tempos antigos, os que o pregam nas sinagogas, onde é lido todos os sábados."

Ou seja, aqueles cristãos estavam vivendo em uma cultura bastante influenciada pelo judaísmo onde a Lei de Moisés era pregada nas sinagogas dos judeus, portanto para que os gentios convertidos não escandalizassem os judeus que se convertiam, deviam se abster da carne sacrificada aos ídolos, animais sufocados etc. O objetivo claro disso era não escandalizar, algo que Paulo vai discorrer melhor em Romanos 14 quando fala dos que comem e dos que não comem. Quando o apego ao judaísmo se tornou excessivo por parte dos hebreus convertidos foi preciso o Espírito dar a eles a epístola aos Hebreus, mostrando que deviam romper com tudo o que dizia respeito ao arraial judaico.

Muitos citam o  Antigo Testamento,  que a aliança com seria perpétua e eterna (G 17:7-19), mantida de geração em geração. Porém depois você fala da Lei, dada no Monte Sinai, como se fosse a mesma aliança perpétua, mas acredito que você esteja misturando as coisas. Uma coisa foi a aliança feita com Abraão e a promessa da descendência de fé. Outra foi a Lei dada a Israel, um povo que se propôs a guardar tudo o que o Senhor mandasse (o que demonstrava excessiva autoconfiança).

E também não devemos usar o texto de  Isaías 59:21 como se a passagem embrulhasse as duas coisas em um mesmo pacote, esquecendo-se de citar o versículo anterior que demonstra ser uma ordem específica para o povo de Sião, ou seja, o povo de Jacó que se converterá no futuro, por ocasião do estabelecimento do reino milenial de Cristo na terra.

"Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o Senhor. Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se apartarão dela, nem da de teus filhos, nem da dos filhos de teus filhos, não se apartarão desde agora e para todo o sempre, diz o Senhor." (Is:19-20)

Você não entenderá a Bíblia se não entender as dispensações e que Deus tem dois povos: Israel e Igreja. São povos distintos. Sugiro que ouça um estudo bem completo sobre as dispensações em http://www.conferenciasbiblicas.com.br/estudos/Dispensacoes/ e acompanhe a tradução do livro sobre o mesmo assunto em http://www.dispensacao.blogspot.com/

Hoje Deus não está tratando com Israel, mas com a Igreja sobre o princípio de uma nova criação. Quando Cristo morreu, morreu também o último Adão, ou seja, o homem na carne. Quando Cristo ressuscitou ele surgiu como o segundo homem, o protótipo ou primícias de uma nova raça humana que nada tem a ver com a linhagem de Adão. É nesta nova raça que o cristão está. Quando a igreja for tirada da terra Deus voltará a tratar com Israel e assim será durante o Milênio — o Reino de Cristo na terra — que terá um retorno às práticas da Lei e do Antigo Testamento, do qual o reino de Salomão foi uma figura.

Devemos denunciar falsas doutrina?

Devemos denunciar pessoas, acoes e doutrinas?

Quando um cristão detecta erros e abusos de líderes religiosos, deve direcionar sua denúncias às pessoas, ao seu modo de proceder ou às doutrinas que elas pregam? Tudo depende das circunstâncias, mas em momento algum devemos fazer vista grossa para o erro e ter o comportamento inclusivo e ecumênico de nivelar a verdade pelo mínimo denominador comum. A resposta encontramos na maneira como o Senhor tratou com os fariseus nos evangelhos e os apóstolos trataram com pecadores e hereges em Atos e nas epístolas. Eventualmente denunciavam as pessoas, suas ações ou suas doutrinas, dependendo da situação.



É preciso entender que o pecado, seja qual for, deve sempre ser tratado primeiramente entre a pessoa que pecou e aquela que detectou o pecado. É triste quando denunciamos publicamente um pecado de alguém antes de tratar isso com a pessoa que pecou. Até mesmo o herege deve ser advertido antes de ser notado, todavia sua doutrina deve sim ser denunciada para a proteção daqueles que possam estar sendo engodados pelo erro. A experiência demonstra que é muito mais fácil alguém que caiu em pecado moral se arrepender e ser restaurado, do que alguém que professe má doutrina e busque seguidores.

Em Coríntios aprendemos que aqueles em pecado moral devem ser disciplinados pela assembleia e colocado fora da comunhão, e os irmãos não devem nem sequer comer com eles, ainda que não sejam proibidos de comer e se relacionar com os incrédulos.

"Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo." (1 Co 5:9-13)

Também aprendemos da Palavra que os irmãos não devem sequer saudar aquele que traz má doutrina, embora obviamente podemos continuar cumprimentando os incrédulos.

"Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne [isto significa não confessar a divindade de Cristo]. Este tal é o enganador e o anticristo... Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras." (2 Jo 1:7-11)

Também em 2 Tessalonicenses 3:14 aprendemos que aquele que não anda segundo a sã doutrina, seja por ações, pelo seu modo de vida ou pelas coisas que professa, deve ser publicamente notado e não devemos ter qualquer tipo de relacionamento com ele, para que se envergonhe.  "Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe." (2 Ts 3:14). Um caso do modo como os irmãos de Corinto lidaram com a disciplina de um em pecado pode ser vista nesta passagem: "Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor." (2 Co 2:6-8). A passagem mostra que houve mudança no tratamento e uma repreensão "feita por muitos", mas que a finalidade disso era o perdão, consolação e amor.

Essas instruções são grandemente negligenciadas hoje na cristandade com a desculpa de que devemos dar maior importância ao amor e inclusão. Isso só tem ajudado o "pé de mostarda" e a "massa" a crescerem (Mateus 13:31-33), porém não pela ação do Espírito, mas pela ação da má doutrina e do pecado para o qual se faz vista grossa. Repare que na parábola do grão de mostarda a ideia de "inclusão" permitiu que as aves, que um pouco antes são identificadas como agentes de Satanás, se aninhassem nos galhos daquele aberrante pé de mostarda que se transformou em uma árvore de crescimento surreal. Repare também que na parábola da massa foi permitido a uma mulher (que é proibida de ensinar em 2 Tm 212) introduzir seu fermento (má doutrina, conforme Mt 16:12), como faz Jezabel em Apocalipse 2:20.

Jamais devemos comprometer a verdade em prol da unidade. Quando verdade e amor aparecem na epístola de João, elas aparecem nesta ordem: primeiro verdade, depois amor. "Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e amor." (2 Jo 1:3)

Mas como lidar com alguém que, embora professe fé em Jesus, ande de maneira contrária a essa mesma fé ou — o que é muito pior — procura disseminar sua posição para contaminar outros? Costumamos dar grande importância ao pecado moral e nem sempre a mesma importância ao pecado doutrinal, apesar de vermos nos evangelhos o Senhor tratando com maior rigor os fariseus e escribas, do que com os pecadores morais, como a prostituta ou o publicano.

Pode ser fácil julgar um pecado moral, mas nem tanto quando se trata de má doutrina ou heresias (espírito faccioso), porque o herege não acha que está pecando, enquanto o imoral tem certeza disso até porque o que fez vai contra os valores que recebeu de berço, mesmo que tenha sido criado em uma família incrédula. Qualquer denúncia ou tratamento de má doutrina ou pecado deve ser tratada tendo-se em mente a glória de Deus, e não o massacre do que pecou. Devemos agir no Espírito em qualquer caso, lembrando disto:

"E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela." (Hb 12:5-11)

quarta-feira, 9 de março de 2016

Marcos 1:1~8


Jesus “veio para o que era seu” (Jo 1:11), isto é, o povo de Israel. Estes que “desde a criação do mundo” (Mt 25:34) haviam sido destinados a herdar um Reino que jamais teria fim, eram agora agraciados com a visita do próprio Rei, ainda que no caráter de Servo. Séculos de história haviam se passado até este momento para provar a incapacidade do homem de atender às santas demandas de Deus e demonstrar a paciência daquele que ainda estava disposto a dar mais uma chance a Israel. “A Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo.” (Jo 1:17).

Mas neste ponto só restam na terra prometida duas tribos, das doze originais: Judá e Benjamim, ou “judeus”, como a Bíblia as chama aqui. Séculos antes as dez outras tribos haviam sido dispersas entre os próprios povos pagãos dos quais tinha adotado a idolatria. Mesmo assim Deus pretendia restaurá-las um dia para que fossem um povo só, começando pelos judeus. Todavia a soberba era a marca registrada dos judeus, que acabariam por rejeitar este de quem João Batista dizia: “Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de encurvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias”(Mc 1:7).

“Assim surgiu João [Batista], batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados” (Mc 1:4). Batismo não era algo estranho ao povo terreno de Deus. Eles se lembravam de Moisés, e de como este havia sido lançado nas águas da morte por sua mãe para ser salvo das garras de Faraó. Também não podiam se esquecer de que seus “antepassados estiveram sob a nuvem e todos passaram pelo mar. Em Moisés, todos eles foram batizados na nuvem e no mar”. (1 Co 10:1). Mesmo não sendo um batismo cristão o que João Batista ministrava, era também uma figura de morte, sem o que seria impossível Deus reiniciar o relacionamento com seu povo.

Deus vinha agora ao encontro do que restou de seu povo original, ao qual havia sido prometida uma gama de bênçãos terrestres jamais dadas a qualquer outro povo. Mas esse encontro não foi marcado num palácio real, em meio ao luxo e à riqueza, mas no deserto, uma clara figura do estado em que eles se encontravam aos olhos de Deus, depois de séculos de rebelião e desprezo contra Jeová. Por isso aquele era necessariamente um batismo de arrependimento para que eles, “confessando os seus pecados, fossem batizados por [João] no rio Jordão” (Mc 1:5).