domingo, 12 de janeiro de 2014

Ta tudo errado!



Se você foi a Cristo em busca de uma vida mansa e próspera neste mundo provavelmente foi enganado pelas promessas de um pregador do evangelho da prosperidade. O mesmo falso evangelho foi pregado pela serpente no Éden e oferecia tudo o que “parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e... desejável para... se obter discernimento” (Gn 3:6). Foram estas também as tentações usadas pelo diabo ao sugerir que Jesus transformasse pedras em pão, para agradar seu “paladar”; ao encher seus “olhos” com todas as riquezas do mundo; e ainda insistir que saltasse do ponto mais alto do templo para fazer prova de Deus.

Em sua primeira epístola João nos exorta a não irmos atrás das coisas terrenas como as prometidas pelos pregadores da prosperidade. Ele diz:“Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo -- a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens -- não provêm do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2:15-17).

Esses pregadores apoiam suas promessas principalmente no Antigo Testamento, pois para Israel Deus prometeu sim prosperidade terrena, mas nunca bênçãos celestiais. Para a igreja, porém, a exortação é que“tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos” (1 Tm 6:8).

Pregadores assim certamente prosperam pregando um falso evangelho que apela para o ventre, a ganância e a ambição do ser humano. Paulo já alertava contra isso, ao dizer que “há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. Quanto a estes, o seu destino é a perdição, o seu deus é o estômago e têm orgulho do que é vergonhoso; eles só pensam nas coisas terrenas. A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:18-20).

Portanto esqueça a ideia de que seguir a Cristo seja fácil em um mundo cujo príncipe é Satanás. Você sofrerá oposição e perseguições, e ainda será zombado quando não conseguir viver aquilo que prega. 

Cruscificados com Cristo. Lucas 14:27



Até aqui vimos que ser discípulo não significa necessariamente estar salvo e ter seus pecados perdoados. Muitos dos que se declaram “cristãos” ou discípulos de Cristo nunca se converteram. Do mesmo modo há cristãos verdadeiramente salvos pela fé, mas que estão longe de serem verdadeiros seguidores de Jesus na vida diária, preferindo seguir suas próprias vontades. É desses salvos de mãos vazias que Paulo fala em 1 Coríntios 3:15: “Se o que alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo”.

Jesus falou também de cada um “carregar sua cruz”, e não estava falando da cruz que ele levou, e sim de cada um considerar-se morto para esta vida. Os Gálatas haviam se esquecido da cruz neste sentido e tentavam manter-se salvos por seus próprios esforços. Por isso Paulo pergunta:“Não foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado?” (Gl 3:1). Se Cristo tinha sido crucificado, e com ele o nosso velho homem, como eles podiam achar que iriam melhorar a carne por meio de regras?

Para mostrar que é só pela fé que somos salvos e andamos “em novidade de vida” (Rm 6:4), Paulo afirma: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2:20). Em seguida ele mostra a posição que o crente deve ocupar: “Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos” (Gl 5:24), portanto “que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6:14).

Cristo foi crucificado por mim, eu fui crucificado com Cristo, crucifiquei minha carne com suas paixões e desejos, o mundo foi crucificado para mim e eu para o mundo. Cinco vezes a cruz é aplicada aqui ao cristão, e todas elas mostram por que devo tomar sobre mim a cruz para seguir a Jesus. Isto é, devo considerar-me morto para minha vida a fim de ter uma vida de real comunhão com Deus seguindo a Cristo como discípulo.

Agora você entendeu o que significam as palavras de Jesus, quando diz:“Aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo” (Lc 14:27). E se o mundo foi crucificado para mim e eu para o mundo, seria correto eu viver em função das coisas terrenas prometidas por alguns pregadores?

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Tudo esta pronto! Lucas 14: 16-17



Em resposta ao comentário do homem que disse que felizes seriam os que participariam do banquete no Reino de Deus, Jesus conta uma parábola: “Certo homem estava preparando um grande banquete e convidou muitas pessoas. Na hora de começar, enviou seu servo para dizer aos que haviam sido convidados: ‘Venham, pois tudo já está pronto’” (Lc 14:16-17). Assim é o convite que Deus faz -- um convite que só precisa ser aceito, pois “tudo já está pronto”. Não faria sentido você ser convidado para um banquete e no convite vir escrito: “Traga sua própria comida, bebida, prato, talheres e guardanapos”.

Pois é exatamente isto que muitas religiões fazem: convidam você para o banquete de Deus, porém mandam que você traga a comida. Pregam uma salvação por obras, dizendo que você precisa se esforçar, sofrer e trabalhar para ser salvo. Mas quem dá o banquete é que deve cuidar de tudo. Assim é a salvação; Deus não exige de você coisa alguma para ajudar na obra que custou a vida de Jesus. 

Deus pode dizer “tudo está pronto” porque há dois mil anos Jesus bradou na cruz: “Está consumado!” (Jo 19:30). Horas antes em sua oração ao Pai “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29) disse: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo 17:4). Portanto não resta obra alguma para você fazer para ser salvo e nem para permanecer salvo. A salvação é obra de Deus, do princípio ao fim. Romanos 11:6 diz que “se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça”.

Agora imagine você ser convidado para um jantar e o anfitrião dizer: “O jantar está pronto!”. Você toma seu lugar à mesa e são trazidas as travessas, todas contendo apenas bilhetes com os dizeres “Promessa de Arroz”, “Promessa de Feijão”, “Promessa de Frango” etc. Então seu amigo avisa: “Sirva-se à vontade, mas só no final você saberá se vai ganhar comida, pois isso irá depender do modo como se comportar à mesa”. Loucura, não é mesmo? 

Mas é isto que ensinam as religiões que convidam você para sentar-se à mesa do banquete, mas não lhe dão certeza alguma de que será alimentado antes de o banquete terminar. Elas ensinam que você é salvo pela fé, porém precisará perseverar para permanecer salvo. A menos que você seja um hipócrita, nunca terá certeza se está se esforçando o suficiente. Será que você está à mesa de um banquete assim ou do banquete de Deus, que diz: “Tudo está pronto”?

Casa cheia. Lucas 14:21-24.




Diante da recusa dos convidados “o dono da casa irou-se e ordenou ao seu servo: ‘Vá rapidamente para as ruas e becos da cidade e traga os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos’. Disse o servo: ‘O que o senhor ordenou foi feito, e ainda há lugar’. Então o senhor disse ao servo: ‘Vá pelos caminhos e valados e obrigue-os a entrar, para que a minha casa fique cheia. Eu lhes digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete’” (Lc 14:21-24).

Os primeiros convidados são os judeus que rejeitaram o Messias. Então o “dono da casa” envia o servo em caráter de urgência para “as ruas e becos da cidade em busca dos pobres, os aleijados, os cegos e os mancos”. Estes são os discípulos e outros israelitas que seguiam a Jesus e seriam perseguidos e mortos pelos judeus, como foram Estêvão e Tiago (At 7:59; 12:2), e também os que Saulo entregava às autoridades. Todos os apóstolos, exceto João, sofreriam mortes violentas. A eles cabe muito bem o que é dito na carta aos Hebreus a respeito dos mártires do Antigo Testamento: “O mundo não era digno deles” (Hb 11:38).

O que os caracterizava -- e também caracteriza hoje todo aquele que crê em Jesus -- era o fato de serem “pobres”, pois nada possuíam para dar em troca da salvação. Também eram “aleijados” ou incapacitados de qualquer boa obra para Deus. Eram “cegos”, pois por si mesmos nunca teriam encontrado o Caminho, e “mancos” porque sozinhos seriam incapazes de andar nele. Você é assim?

Após estes serem introduzidos no grande banquete o servo avisa que “ainda há lugar”. Se antes ele tinha saído pelas “ruas e becos da cidade”, agora é fora do arraial de Israel que o servo busca pessoas. Seu senhor diz: “Vá pelos caminhos e valados e obrigue-os a entrar, para que a minha casa fique cheia”. Estes são os gentios, estrangeiros e estranhos às alianças de Deus com Israel. Devemos nos lembrar de que o servo é uma figura do Espírito Santo, o único que pode realmente “forçar” alguém a crer em Jesus. Mas não é por força brutal, porém com uma irresistível influência que exerce na alma. “Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor” (Zc 4:6).

É de grande consolo saber que Deus quer que sua casa fique cheia, o que nos remete a Colossenses 1:18 que diz que o objetivo é que Cristo “em tudo tenha a supremacia” ou o primeiro lugar. Portanto no final será maior o número de salvos por Cristo do que de perdidos, Fica fácil você entender isto se considerar que os bilhões de abortos, crianças e mentalmente incapazes têm seu lugar garantido nos “muitos aposentos” (Jo 14:2) da casa do Pai graças ao sangue derramado na cruz. 

Graca e Discipulado. Lucas 14: 25-27



Ao reparar na multidão que o segue, Jesus lhes diz: “Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo” (Lc 14:25-27). Ele não diz que “não pode ser salvo”, mas que “não pode ser meu discípulo”.

Um pouco antes neste capítulo Jesus falou da graça de Deus, o favor imerecido que recebem os que aceitam o convite para a grande ceia. Depois de tamanha revelação de graça não é de estranhar que uma multidão decida segui-lo. Porém graça e discipulado são coisas distintas, apesar de conectadas. Neste capítulo nós vemos primeiro a graça e depois o discipulado, nesta ordem.

Graça é o que Deus oferece ao pecador; é a manifestação do amor livre e desimpedido de Deus que não pede nada em troca. Ele deu o seu Filho para morrer na cruz e agora oferece uma salvação que é totalmente de graça. Ela só pode ser recebida pelos que reconhecem nada ter para dar em troca, como os pobres, aleijados, cegos e mancos da parábola. Deus não está oferecendo uma barganha, mas um presente para aqueles que ele convida a crerem em Jesus.

O discipulado genuíno é resultado da graça na vida de quem crê em Jesus. Se a graça é a ação, discipulado é a reação manifestada na forma de uma sincera gratidão e interesse pelas coisas de Deus. “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1 Jo 4:19). O discípulo está sempre desejoso de aprender mais desse amor, como Maria, irmã de Marta, que“ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo-lhe a palavra” (Lc 10:39). Portanto é a graça que gera o discipulado, e não o contrário.

Porém muitos invertem esta ordem e se declaram discípulos por interesse no favor de Deus. Quem professa o nome de Cristo dizendo-se “cristão” acaba se colocando na condição de discípulo, seja convertido ou não. Enquanto seguir a Jesus significava ouvir belos discursos, ter o pão cotidiano e ser curado das enfermidades, muitos o seguiam. Mas ao descobrirem o que realmente era ser discípulo a reação destes foi: “‘Dura é essa palavra. Quem consegue ouvi-la?’ Daquela hora em diante muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo” (Jo 6:60, 66).

Lucas 14:25-27, Os verdadeiros discipulos.


Muitos dos que se diziam discípulos de Jesus estavam mais interessados nos benefícios do que nas responsabilidades e acabaram decidindo abandoná-lo. “Jesus perguntou aos doze: ‘Vocês também não querem ir?’ Simão Pedro lhe respondeu: ‘Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus’” (Jo 6:67-69).

Pedro e os outros mostraram que não seguiam a Jesus pelas vantagens materiais e transitórias, mas por ele ser quem era e pela promessa da vida eterna. Porém, para mostrar que podem existir falsos discípulos, Jesus revelou: “’Não fui eu que os escolhi, os doze? Todavia, um de vocês é um diabo!’ Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, que, embora fosse um dos doze, mais tarde haveria de traí-lo” (Jo 6:70-71).

Existem também aqueles que são discípulos de homens, achando que isso faz deles discípulos de Cristo. É claro que na Bíblia encontramos discípulos de profetas como João Batista, mas na atual dispensação vemos todos os cristãos como discípulos de Cristo apenas. Paulo alertou os irmãos em Éfeso que depois de sua partida surgiriam homens em busca de seguidores. Ele disse: “Dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos” (At 20:30).

Ele também chamou de mundanos ou carnais aqueles que seguiam a homens, mesmo dentre os verdadeiros servos de Deus: “Pois quando alguém diz: ‘Eu sou de Paulo’, e outro: ‘Eu sou de Apolo’, não estão sendo mundanos? Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um” (1 Co 3:4-5). O equivalente moderno disso seria dizer “eu sou de Lutero”, “eu de Calvino” ou “eu do pastor fulano”.

Nos evangelhos Jesus revela algumas características de um verdadeiro discípulo: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos” (Jo 8:31). Ter prazer na Palavra de Deus e procurar aprender cada vez mais é uma das marcas de um verdadeiro discípulo. Outra é dar fruto para Deus, como explicou Jesus ao dizer: “Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos” (Jo 15:8)