domingo, 24 de junho de 2012

Porque Pilatos ficou surpreso?

 Minha dúvida estáva  em Marcos 15:44, onde diz que "Pilatos ficou surpreso ao ouvir que ele já tinha morrido. Chamando o centurião, perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido." Provavelmente Pilatos achava que Jesus ainda estivesse vivo, pois a morte na cruz era um longo suplício. Foi por isso que para apressá-la e terminar com tudo antes que o sábado começasse a vigorar (no início da noite da sexta-feira, segundo o costume judaico) os soldados quebraram as pernas dos condenados.



O evangelho de João dá detalhes da sequência de eventos:

Joã 19:30-34  E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espíritoOs judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado; Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernasContudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.

Um ser humano comum ainda estaria vivo quando José de Arimateia foi pedir a Pilatos permissão para tirar Jesus da cruz. Acontece que Jesus não era um ser humano comum. Ele era Deus e Homem, nascido de uma virgem por concepção do Espírito Santo. Ele não trazia em si o pecado de Adão como todos nós trazemos de nascença. Jesus foi o único Homem sem pecado que já existiu. Veja abaixo a universalidade do pecado:

Rom 5:12 Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.

Desse "todos" você pode excluir Jesus em virtude de sua encarnação não ter seguido os padrões normais. Além disso, em Hebreus é afirmado que ele não tinha pecado. Nele não havia nem a possibilidade de pecar, nem de morrer, o que é consequência do pecado:

Heb_4:15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.

Este sem pecado não significa "sem ter cometido pecado", mas sem o pecado, a raiz do mal que todos trazemos em nós. E não poderia ser diferente, pois todos os sacrifícios no Antigo Testamento, que eram um tipo de Cristo, precisavam ser de animais perfeitos e sem mancha. Por isso, o "Cordeiro de Deus" não podia ter em si mesmo o pecado, pois se tivesse não poderia servir de sacrifício pelos pecados alheios; ele próprio iria precisar de um Salvador que morresse por si, caso fosse um pecador como todo ser humano.

Por ter nascido sem pecado, Jesus também não podia pecar. Não apenas por ele ter uma natureza isenta da herança deixada por Adão, mas também porque estamos falando de alguém que é Deus e Homem. Como poderia Deus pecar? Impossível!

Voltando ao versículo em Rm 5:12 você verá que a morte é uma consequência do pecado. Não fica difícil perceber que alguém que tenha nascido sem pecado esteja também isento da morte. Jesus não podia morrer de causas naturais e nem ser morto por um agente externo. Ele podia crescer e atingir a idade adulta, como aconteceu, mas não poderia envelhecer e morrer. Isto equivale dizer que se Jesus não tivesse dado sua vida na cruz ele estaria ainda andando por este mundo na forma de um Homem adulto. Os versículos abaixo são muito significativos:

Joã_12:24 Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.

Joã 10:17-20  Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai. Tornou, pois, a haver divisão entre os judeus por causa destas palavras. E muitos deles diziam: Tem demônio, e está fora de si; por que o ouvis?

Se Jesus não tivesse entregado sua vida e morrido, ele ficaria só. Ninguém mais iria para o céu, ninguém mais poderia ressuscitar. Mas creio que também significa que ele continuaria sendo um Homem, imune à doença e à morte, que são consequências do pecado (o qual ele não tinha). Não é de admirar que os judeus tenham ficado irados com tal declaração e o consideraram louco ou possesso de demônio.

Ninguém iria tirar a vida de Jesus, mas ele a entregaria fazendo uso de um poder sobre-humano. Além de Jesus, ninguém jamais teve o poder de entregar a própria vida. Um ser humano comum pode ser morto por algo ou alguém, mas não é capaz de entregar o espírito como Jesus fez na cruz. Até mesmo o suicida precisa de algum instrumento ou meio para tirar a própria vida, mas ele não pode entregar a própria vida, devolvê-la a Deus que a deu. Este poder Jesus tinha e foi o que fez na cruz.

Joã 19:30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

Outra evidência da imortalidade de Jesus pela ausência do pecado pode ser vista nesta passagem:

Joã 1:4 Nele estava a vida

Estamos falando de uma Pessoa que não recebeu vida, mas em quem a vida era parte intrínseca quando andou aqui.

Resumindo, Jesus é o Filho de Deus que veio ao mundo sem pecado e, portanto, sem a possibilidade de pecar. Por ser sem pecado e ser Deus, Jesus também não estava sujeito à morte, apesar de estar em um corpo que podia ser ferido, sentir dor, fome, sede, frio etc. Só não podia ser morto por algum agente exterior, e por isso teria permanecido um Homem em idade adulta indefinidamente, caso não tivesse ido à cruz.

Mas este é um pensamento igualmente impossível e surreal, pois se não fosse pela cruz ele nem sequer teria vindo ao mundo, portanto estamos falando aqui de uma possibilidade que nunca se realizaria.

Embora ele nunca tenha feito qualquer milagre para si mesmo, fica evidente que aquele que era capaz de restaurar a vista ao cego, curar leprosos e aleijados, e ressuscitar mortos poderia muito bem curar suas próprias feridas. Mas não fez isso quando foi chicoteado, esmurrado e teve o couro cabeludo rasgado pela coroa de espinhos, e as mãos e pés pregados na cruz.

Depois de cumprir tudo o que dele estava previsto pelos profetas, sofrendo durante 3 horas nas mãos dos homens e 3 horas nas mãos de Deus, Jesus entregou sua vida. Simplesmente morreu, um verbo que nenhum outro homem seria capaz de conjugar no presente e na primeira pessoa. Nem eu, nem você, podemos simplesmente decidir parar de viver e isto ser suficiente para nossas funções vitais serem imediatamente interrompidas.

Por ter morrido assim de um modo tão sobrenatural os soldados não quebraram as pernas de Jesus como fizeram com os outros soldados, para que perdessem a capacidade de funcionamento do diafragma e morressem por asfixia. A lança que o soldado usou para perfurar o lado de Jesus não o matou; ele já estava morto naquele momento. Foi aquele sangue, que verteu misturado com água, e não o sangue de suas mãos e pés, que nos purificou de todos os pecados. Nos sacrifícios do Antigo Testamento era o sangue de um cordeiro morto, e não apenas ferido, que era levado para dentro do santuário para fazer expiação pelos pecados.

Por isso Pilatos ficou admirado de sua morte ter ocorrido antes do previsto. Portanto, todos esses textos e documentários que você vê por aí tentando explicar a morte de Jesus do ponto de vista clínico não passam de uma grande bobagem. Ele não morreu por exaustão, nem por edema pulmonar, nem por infecção generalizada causada pelos ferimentos ou pela lança dos soldados. Jesus entregou sua vida.

Mas isto não isenta os que o entregaram à morte de sua responsabilidade. Do ponto de vista judicial, não é o instrumento causador da morte, mas a intenção de matar, que é levada em conta. É por isso que um homicida jamais poderia alegar que o que matou a vítima foi a bala, não ele. Os judeus não poderiam alegar que estavam isentos da responsabilidade de matar Jesus, já que não o mataram de fato por ele ter entregado sua vida.

Mais uma vez, se Jesus não tivesse entregado sua vida ele não teria morrido, o que equivale dizer que ele continuaria vivo até hoje. Porém, como já disse, este pensamento é absurdo, não por sua impossibilidade de morrer de causas naturais ou exteriores, mas por ele ter vindo ao mundo com a missão específica de morrer.

sábado, 16 de junho de 2012

O que podemos pensar do discipulado e igrejas em celulas?



Voce ja se perguntou se Jesus manteve vínculos de discipulado e se desde o início havia hierarquia para coordenação das tarefas em geral.

Uma coisa é o ministério de Jesus enquanto estava no mundo, outra bem diferente é a época da Igreja, que começa em Atos 2. A relação de Jesus com seus discípulos não era a mesma que ele tem com a Igreja hoje. Nos evangelhos nós o vemos na condição do Messias esperado tendo um relacionamento com o remanescente judeu que o aguardava.



Por isso encontramos nos evangelhos coisas como adoração no templo de Jerusalém, oferendas que os curados por Jesus deviam fazer, obediência ao clero judeu, dízimo, e até mesmo a limitação do ministério que era voltado apenas aos judeus (a mulher gentia não se importou de ficar com as migalhas do que era exclusivo dos filhos).

Nos evangelhos, a Igreja ainda é uma promessa futura ("Edificarei minha igreja..."), portanto não espere achar ali a doutrina dos apóstolos dirigida à Igreja, que é o povo de Deus escolhido antes da fundação do mundo. O mistério (segredo) que esteve oculto por séculos só seria revelado a Paulo, portanto, apesar da Igreja ter sido fundada no dia de Pentecostes em Atos 2, nem mesmo os apóstolos e outros convertidos sabiam exatamente o que era aquilo que Deus estava fazendo. Ignorando que a Igreja não tinha nada a ver com Israel eles continuaram se reunindo no Templo de Jerusalém por algum tempo.

Após ser rejeitado pelos judeus, não apenas em vida, mas depois de sua morte e ressurreição, o Senhor passa a ter um relacionamento diferente com seu povo agora que é a Igreja. Aquilo que é específico para nós hoje você encontra nas epístolas, não nos evangelhos ou nos primeiros capítulos de Atos.

Segundo alguns, havia uma hierarquia porque "Felipe comandava Jerusalém, Paulo outras regiões..."

Nosso Deus é um Deus de ordem, por isso encontramos nas epístolas bispos (anciãos) e diáconos. Os primeiros incumbidos de supervisionar o rebanho de Deus e os outros de cuidar das tarefas mais mundanas, como a distribuição da provisão para os irmãos necessitados. Não se trata de dons, mas de ofícios.



E quanto aos  supostos vínculos de discipulado entre Paulo, Timóteo e Barnabé, e se este tinha sido instruído a fazer discípulos também, acredito que se aplica aí o velho ditado: "Para o martelo tudo tem cara de prego". Por você seguir uma doutrina de igrejas em células que coloca uma grande ênfase no discipulado, existe o risco de querer enxergar tudo através dessa lente e acabar perdendo de vista o que é realmente importante. Por exemplo, preste atencao na pergunta a seguir.  "Como fazer discípulos sem uma estrutura denominacional como base de fidelidade, cobertura e prestação de contas?"
Voce percebera que a pergunta acima, normalmente sao feitas por pessoas que ja estao condicionadas por esse sistema congregacional corrompido e sem base biblica!
Se formos para a Palavra de Deus, vamos encontrar que "discípulo" significa simplesmente aprendiz, e que o discípulo perfeito é o próprio Jesus: Is 50:4 "O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma palavra o que está cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo".

Nos evangelhos encontro que os fariseus tinham discípulos (Mt 22:16; Mc 2:18), João Batista tinha discípulos (Mt 9:14; Lc 5:33; Jo 3:25) e Jesus tinha discípulos, alguns deles chamados de apóstolos. Outros também eram chamados de discípulos de Jesus (Jo 6:66), apesar de podermos colocar em dúvida se eram reais ou não. Portanto, além de "aprendiz" discípulo também tem o significado de "seguidor".

Aos judeus que ouviam a palavra de Jesus, ele exortava:

Jo 8:31 "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente soismeus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".

Tentei encontrar algum outro tipo de discípulo além dos discípulos dos fariseus, de João Batista e de Jesus, e só encontrei discípulos de homens em Atos 20:30, mas neste caso discípulos de hereges: At 20:30 "E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si".

Posso estar enganado, mas em todas as outras passagens me pareceu que a palavra "discípulos" têm sempre o significado de "discípulos do Senhorcomo em Atos 9:1, e não de discípulos de outros discípulos, como se existisse uma pirâmide ou cadeia de comando na Igreja. Você pode me indicar alguma passagem que fale de alguém sendo formalmente chamado de discípulo de Paulo ou de Pedro? Eu não achei.

Eu sei que há alguns grupos de cristãos hoje que colocam ênfase no discipulado, criando uma espécie de pirâmide à semelhança de organizações de marketing multinível. Nessas pirâmides há discípulos de discípulos numa cadeia de submissão do aprendiz para com seu mestre, mas será que o Senhor ensinou isso? Veja esta passagem:

Mt 10:24 Não é o discípulo mais do que o mestre, nem é o servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo ser como seu senhor.

Aparentemente o Senhor está mostrando que o exemplo para o discípulo é seu mestre, e isso podia valer no caso dos fariseus e seus discípulos, e de João Batista e seus discípulos. Mas será que algum cristão quer ser menos do que discípulo de Cristo? Quero dizer, será que somos exortados a sermos discípulos de homens?

É certo que encontramos a exortação para ensinarmos pessoas que possam ensinar outras pessoas, como Paulo diz a Timóteo em 2 Tm 2:2, mas não encontro esse tipo de vínculo que costumamos ver em alguns grupos de cristãos que adotam um tipo de discipulado sistemático nas chamadas "igrejas em células". "E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros" refere-se tão somente ao ensino, não a um vínculo no qual o discipulador detém algum tipo de controle sobre seu aprendiz, ou este tenha algum tipo de obrigação de seguir o outro.

Embora possamos usar aí a designação de "aprendiz" para aquele que é objeto do ensino, não há qualquer admoestação no sentido de criar seguidores da pessoa que ensina (ao qual algumas denominações costumam dar o nome de "discipulador"), como é o caso dos hereges de Atos 20:30. Ensinamos pessoas a serem seguidoras (discípulos) de Jesus, não de nós mesmos ou de outros homens.

Alguns usam Atos 9:26-27 como argumento a favor do discipulado de homens, como se ali Saulo estivesse provando ser discípulo de Barnabé, mas na verdade a palavra "discípulo" ali refere-se a Cristo. Barnabé simplesmente o ajuda a entender certas coisas como fizeram Priscila e Aquila com Apolo em Atos 18:26.

Já vi também alguns se referindo ao fato de Barnabé buscar Paulo em At 11:25-26 como se fosse prova de algum tipo de vínculo de sujeição de Paulo para com Barnabé, mas tudo indica que é o contrário: Barnabé simplesmente reconhece as limitações do dom que Deus lhe deu, que é o de pastor conforme vemos no versículo 24, e vai em busca de alguém com o dom de mestre, o próprio Paulo, para ajudá-lo no trabalho de ensinar a recém formada assembléia de Antioquia.

Não devemos nos esquecer de que muito do que Paulo aprendeu ele recebeu do próprio Senhor, e não de outros discípulos do Senhor, em especial a revelação do que era a Igreja.

Portanto, a  pergunta "como fazer discípulos sem uma estrutura denominacional" tem um problema já no conceito do que é um discípulo, visto que em nenhum lugar você encontrará a palavra atribuída a um relacionamento entre um cristão e o que lhe ensina, exceto no caso dos hereges de Atos 20. Mas certamente aquilo não é o exemplo que queremos seguir. Ou será que você pode me apontar um versículo que confirme a idéia de uma pirâmide de discipulado?

Quando encontramos pessoas que ensinam querendo exercer algum tipo de senhorio sobre os que aprendem temos um problema sério. A Palavra diz, a respeito dos anciãos ou bispos, e não de "discipuladores":

1 Pe 5:2 apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. 

Veja que é uma função de apascentar, cuidar e servir de exemplo, não de dominar.

É bom sempre lembrar que cada cristão está diretamente ligado à cabeça do corpo, que é Cristo, e não a algum outro membro do corpo que esteja em uma posição intermediária. Essa história de "igrejas em células" e "discipulado" me parece mais uma forma velada de clericalismo, algo como os Nicolaítas de Ap 2, algo que o Senhor diz odiar. Em grego, "nico" significa "conquistar" ou "dominar sobre", e "laitan" refere-se ao povo ou leigos. Juntando tudo temos "nicolaítas" ou "conquistadores do povo ou dos leigos".

Quer um conselho? Fuja de qualquer doutrina ou sistema clerical ou de pirâmide de comando. O que é bom para a Amway não é bom para a Igreja de Deus.

"...porque sois discípulos de Cristo" Mc 9:41



Agora preste muita atencao em  Atos 9:25 que, em algumas versões traz "seus discípulos", como se referindo a discípulos de Paulo, não apenas do Senhor.

Almeida Corrigida: Ats 9:25 "tomando-o de noite os discípulos, o desceram, dentro de um cesto, pelo muro".

Nova Versão Internacional: Ats 9:25 "Mas os seus discípulos o levaram de noite e o fizeram descer num cesto, através de uma abertura na muralha".

As versões que tenho aqui, inclusive duas literais em inglês (traduzidas do grego palavra por palavra), não fazem referência a serem discípulos de Paulo, mas falam simplesmente "discípulos". O capítulo desde o começo parece indicar que sejam discípulos do Senhor:

Ats 9:1 E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor...
Ats 9:10 E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias. 
Ats 9:19 E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco. 
Ats 9:25 tomando-o de noite os discípulos, o desceram...
Ats 9:26 ...procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo.
Ats 9:36 E havia em Jope uma discípula chamada Tabita...

É muito improvável que no versículo 25 esteja falando de discípulos de Paulo, mas há discussões em torno do versículo porque uns manuscritos dizem uma coisa e outros dizem outra. A diferença no grego parece ser bem sutil (não sei grego) e não existe um consenso quanto a qual manuscrito possa ter sido alterado.

 Diante das dúvidas até entre os que entendem grego, seria temerário alguém fundamentar toda a doutrina do discipulado encontrada nas "igrejas em células" nesta passagem de tradução dúbia. A melhor coisa diante de tal impasse é perguntar: Uma doutrina assim traz glória para quem, para o Senhor ou para o homem? Se você ouvir pessoas dizendo "meu discípulo" isto e "meu discípulo" aquilo é melhor se perguntar se isso não representa um risco para a carne desse "discipulador".

O que significa adorar em espirito e em verdade?



O que o Senhor diz à mulher samaritana tem a ver com três grupos de pessoas: os judeus, os samaritanos e aqueles que viriam a adorar a Deus na nova ordem de coisas que estava para ser estabelecida.

"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade". João 4:23-24

A palavra de Deus é a verdade, portanto os judeus que adoravam de acordo com a Palavra de Deus adoravam em verdade. Eles adoravam no lugar correto, que era o templo de Jerusalém, e da maneira correta, que era segundo os preceitos da Lei dada a Moisés. Quando o Senhor curava alguém, mandava que a pessoa se apresentasse aos sacerdotes e fizesse as ofertas conforme mandava a Lei, o que dá a entender que ele reconhecia, não apenas o lugar, que chamava de "casa de meu Pai", mas também a forma como a adoração era conduzida ali e até mesmo a pessoa do sacerdote como autoridade instituída por Deus.

Em Levítico 12:6 dizia que "quando forem cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado, diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote". Quando ele nasceu, seus pais o levaram ao templo "para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos".

Lucas 2:24 não faz menção do cordeiro, provavelmente por José e Maria não terem condições para tanto (Levítico 12:8 "Mas, se em sua mão não houver recursos para um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para a propiciação do pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação, e será limpa". Além disso José e Maria seguiram os outros rituais da Lei, como a circuncisão do menino Jesus e os dias de purificação de Maria por 40 dias após o parto. Resumindo, Jesus era um judeu, de família de judeus, seguindo e reconhecendo a Lei judaica e sua forma de adoração.

Até então estava valendo isso, e a própria samaritana testifica que, segundo os judeus, o lugar de adoração era Jerusalém. Que Deus havia estabelecido um único lugar para adoração, isto pode ser visto em Deuteronômio 12 antes mesmo de indicar o lugar físico, que viria a ser Jerusalém, o mesmo onde Abraão levou o seu filho para ser sacrificado, onde Salomão construiu o templo e onde Jesus foi crucificado (ainda que fora dos portões).

Os judeus adoravam, portanto, em verdade, isto é, segundo a Palavra de Deus. Porém não se pode dizer que adorassem em espírito, já que, primeiro, não tinham o Espírito Santo habitando em si e, segundo, o próprio Senhor testemunhou, citando Isaías 29:13, que aquele povo adorava a Deus com a boca, mas seu coração estava longe de Deus (Mt 15:8 e Mc 7:6).

Os samaritanos, por sua vez, não adoravam nem em espírito, nem em verdade, já que tinham inventado para si mesmos o seu jeito de adorar, o qual não era segundo a verdade encontrada na Palavra de Deus. Até o lugar era diferente, e até hoje eles adoram em Gerizim.

Mas o Senhor anunciou um tempo em que não seria mais Jerusalém (e muito menos Samaria) o lugar onde se devia adorar, mas em espírito e em verdade. Hoje um salvo por Cristo pode adorar em espírito, porém se a sua adoração não estiver de acordo com a Palavra de Deus ele não estará adorando em verdade. O único documento que temos mostrando a vontade de Deus quanto à adoração cristã são as epístolas dos apóstolos. Se voltarmos a adotar o local e as práticas judaicas do Antigo Testamento, já não estaremos adorando em verdade, pois não vemos tal coisa na adoração cristã nas epístolas.

Hoje o que se vê na cristandade é uma mescla de preceitos no Novo Testamento com práticas do Antigo Testamento, além do acréscimo de idéias estranhas a uma e outra dispensação. Não se pode dizer que um cristão que acredite que Jerusalém seja o lugar onde deve adorar esteja adorando em verdade segundo a nova ordem de coisas que o Senhor anunciou.

O mesmo se pode dizer de adorar em um local chamado de "templo". Até mesmo pelos preceitos do Antigo Testamento seria uma abominação construir um templo em qualquer lugar que não fosse Jerusalém, e pelas epístolas aprendemos que o templo agora não é um lugar de pedras, mas o conjunto dos cristãos, ou a Igreja, e o próprio crente, individualmente.

Somando tudo o que víamos na adoração judaica, como templo, clero, cantores e músicos profissionais, incenso, vestes e instrumentos cerimoniais, dízimos, altar etc., qualquer agrupamento de cristãos que inclua em sua adoração esses elementos não está adorando segundo a verdade da Palavra de Deus encontrada na doutrina dos apóstolos.

Me perguntaram sobre "o ministério da dança", e eu pergunto: pode encontrar isso na adoração da Igreja conforme é revelada na doutrina dos apóstolos? Quando não adoramos em espírito e em verdade em conformidade com a Palavra de Deus dada à Igreja, corremos o risco de recriar uma adoração judaica ou agirmos como os samaritanos. Deus não reconhece nem uma coisa, nem outra, como uma adoração em espírito e em verdade, caso contrário Jesus não teria dito, quando ainda existia uma adoração judaica: "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade" João 4:23

Como os Salmos se aplicam ao cristao?



Os Salmos são uma excelente fonte de inspiração para qualquer cristão, e fazemos bem quando os lemos. Porém é preciso entender que eles têm dois aspectos importantes: Primeiro, que foram escritos para Israel, ou seja, em uma ordem de coisas totalmente diferente daquelas que são para a Igreja, e segundo, que em grande parte eles falam dos sentimentos de Cristo.


Por isso você encontra nos Salmos coisas como o salmista pedindo a Deus o sofrimento, morte e destruição de seus inimigos, coisa que um cristão jamais pediria. Sendo cristão, você não seria capaz de fazer a oração do salmista abaixo:

Slm 71:13 Sejam confundidos e consumidos os que são adversários da minha alma; cubram-se de opróbrio e de confusão aqueles que procuram o meu mal. 

Slm 143:12 E por tua misericórdia desarraiga os meus inimigos, e destrói a todos os que angustiam a minha alma; pois sou teu servo. 

Slm 139:22 Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos. 

Tudo isso podia fazer sentido para um povo que tinha por esperança habitar na terra e estava cercado de inimigos humanos, como faz sentido para muitos radicais muçulmanos explodirem seus inimigos, já que boa parte dos preceitos do islamismo foram tirados do Antigo Testamento. Mas não faz sentido para aqueles que creem em Jesus, que são cidadãos do céu, e foram ensinados de outra maneira pelo próprio Senhor:

Mat 5:44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; 

Mat 5:40 E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa

Joã 16:33 Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. 

Efs 6:12  Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. 
Outro ponto é entender que os Salmos são muitas vezes a expressão dos sentimentos de Cristo. Você não poderia, honestamente, jamais afirmar o que diz o salmista nos versículos abaixo, porque você sabe muito bem que é falho e pecador:

Slm 18:21 Porque guardei os caminhos do SENHOR, e não me apartei impiamente do meu Deus

Slm 18:23 Também fui sincero perante ele, e me guardei da minha iniqüidade

Slm 119:22 Tira de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois guardei os teus testemunhos

Slm 119:93 Nunca me esquecerei dos teus preceitos; pois por eles me tens vivificado. 

Slm 119:56 Isto fiz eu, porque guardei os teus mandamentos

Somente o Homem perfeito poderia ter dito tais coisas, e o único Homem perfeito é Cristo. Se ler com atenção os Salmos 22, 23 e 24 (na Bíblia católica a numeração é outra) verá que todos eles falam de Cristo em sequência: primeiro o Cordeiro é morto, depois Ele aparece identificado com as ovelhas do rebanho de Deus e é ao mesmo tempo Pastor, e por fim é Senhor de toda a terra, quando vier para reinar.